Axé, o ritmo da Bahia
O axé é um gênero musical que surgiu na Bahia durante as manifestações populares do Carnaval de Salvador, na década de 1980. O ritmo foi criado com a mistura de frevo pernambucano, ritmos afro-brasileiros, reggae, merengue, forró, maracatu e outros ritmos afro-latinos. Também pode ser chamado de Axé Music. Na verdade, a palavra axé é uma saudação religiosa usada no candomblé e na umbanda, com o significado de energia positiva. O axé se espalhou rapidamente por todo o país com a impulsão da mídia e em razão das micaretas, tornando-se um produto de potencial mercadológico.
Quando do seu surgimento, a influência das canções de Bob Marley também ajudou a impulsionar a mistura do reggae e o samba do Olodum sob a batuta do mestre Neguinho do Samba. Isso foi importante para que outros artistas seguissem na mesma trilha. Exemplos de Margareth Menezes, Banda Mel e Banda Reflexu's, que passaram a introduzir o samba-reggae em seus novos trabalhos.
O PIONEIRISMO DO AXÉ E A IMPORTÂNCIA DE LUIZ CALDAS NA DIFUSÃO DO RITMO
Os pioneiros do gênero foram os músicos da banda baiana Acordes Verdes. Eles acompanhavam Luiz Caldas e eram músicos de estúdio da W.R., em Salvador. Dirigidos pelo compositor Alfredo Moura, principal arranjador do estúdio na época, iam criando sucessos que pouco adiante difundiriam o nome da Axé Music, ritmo que passava a ser conhecido em todo o Brasil. Mas foi partir de canções criadas por Luiz Caldas e Paulinho Camafeu que apareceu o primeiro grande sucesso nacional da música baiana, "Fricote" (Nega do Cabelo Duro), gravada por Luiz Caldas, e que virou febre nacional. Na verdade, como se sabe, fricote era um ritmo de deboche criado por Alfredo Moura e Carlinhos Brown. Tamanho sucesso transformou Luiz Caldas em referência para as próximas gerações, colocando a música da Bahia num cenário pioneiro, dinâmico e inovador.
É pela grandiosa contribuição que deu à música baiana que Luiz Caldas é considerado o pai da axé music. Foi com suas aparições constantes na grande mídia, que o movimento realmente aflorou. Isso deu a ele o título de "O Rei da Axé", como dizia Chacrina, "o Velho Guerreiro".
Luiz Caldas passou a ser figura obrigatória nos programas de grande audiência nas principais emissoras de TV de todo o Brasil, além de ter feito parte da trilha sonora da novela Tieta, sendo inclusive tema de abertura da própria novela. Assim, a partir da ascensão de Luiz Caldas uma nova geração de estrelas se acendeu para o país: Sarajane, a primeira cantora de axé e também a primeira cantora de axé a conquistar o país, Banda Reflexus, Ricardo Chaves, Olodum, Araketu, Banda Beijo, Asa de Águia, Cheiro de Amor, Chiclete Com Banana e Os Novos Baianos, dentre outros. Esses nomes vieram somar aos grandes precursores do gênero que já faziam sucesso na Bahia, dentre eles: Dodô & Osmar e Gerônimo.
ATRÁS DO TRIO ELÉTRICO
Em meados da década de 80, a música baiana realmente tomou fôlego. Mas antes, em 1974, Baby Consuelo se tornara a primeira mulher a se apresentar num trio elétrico, quando Os Novos Baianos cravaram de forma impactante, o nome da banda na evolução e na história dos trios elétricos. Um ano depois já ficava bastante evidenciada a dimensão dos trios na canção "Atrás do Trio Elétrico", de Caetano Veloso, gravada por ele mesmo e que propagou de vez a performance dos trios para todo o Brasil. Com isso os trios foram se transformando e cada vez mais tomando corpo.
A IDEIA DE SUBIR NUM TRIO
A ideia de subir num trio foi de Moraes Moreira, que integrava os Novos Baianos. Isso foi o marco zero da tradição de grandes cantores puxando esses carros. Antes o carnaval baiano era apenas feito de música instrumental.
Paralelamente ao movimento dos trios, foi se sucedendo a proliferação dos blocos-afro: Badauê, Ilê Aiyê, Muzenza, Araketu, Olodum e Filhos de Gandhi, tendo como um de seus importantes integrantes o cantor Gilberto Gil. Esses blocos utilizavam instrumentos musicais de percussão, comuns nas baterias das escolas de samba do Rio. Isso já vinha acontecendo na década de 1960.
O AXÉ NA DIREÇÃO DO POP
Nessa pegada, o Brasil se renderia de vez ao axé. E na década de 1990 aquela nova música baiana tomaria a direção do pop. Foi nessa época que o Araketu resolveu injetar a essência eletrônica nos tambores, enquanto Daniela Mercury lançava “O Canto Da Cidade”, dela e de Tote Gira, abrindo definitivamente os horizontes da axé music para todo o Brasil e também para o mundo. Com o fortalecimento e a grande ascensão do axé, cada vez mais novas revelações iam surgindo a cada ano e se tornando grandes estrelas, dentre elas: Banda Eva, Timbalada, Terra Samba, Pimenta Nativa, Jammil e Uma Noites, Harmonia do Samba, além de alguns líderes vocais que migraram para a carreira solo, exemplos de Netinho, Claudia Leitte e Ivete Sangalo, a estrela maior da axé music.
O CARNAVAL DA BAHIA ENTRE OS EVENTOS MAIS IMPORTANTES DO PLANETA
Com a afirmação do axé outros nomes importantes foram se sucedendo. A década de 2000 trouxe Babado Novo (ainda com Claudia Leitte), Gilmelândia, Rapazolla, Tomate e Alexandre Peixe, dentre tantos outros. Com a força do axé o carnaval da Bahia se consolidou como um dos eventos mais importantes do planeta.
ORIGENS DO CARNAVAL BAIANO
As origens do carnaval baiano estão baseadas a partir da década de 1940, época em que Dodô & Osmar começaram a tocar frevo pernambucano em guitarras baianas. Com o passar do tempo, já na década de 1950, resolveram subir em cima de um Ford 1929, dando início aos Trios Elétricos que hoje é uma febre no "Carnaval de Salvador".
Na verdade, o nome "trio elétrico" surgiu da fusão da dupla Dodô & Osmar (que eram carinhosamente chamados de dupla elétrica), mais um amigo, formando dessa maneira o trio que passou a ser chamado "trio elétrico", e que continuaria a se apresentar nos bares e festejos de Salvador e região, mas sempre com a ideia de se fazer uma coisa nova para o carnaval. Daí então o surgimento do trio elétrico. Em dezembro de 1955 Orlando Campos construiu o Trio Tapajós, o primeiro trio elétrico da Bahia.